domingo, 31 de outubro de 2010

Uma peça chamada Realidade


Era uma vez dois irmãos que desde pequenos queriam as mesmas coisas. Filhos do mesmo pai e da mesma mãe, a diferença de idades era pouca. Educados da mesma forma, os pais não conseguiam compreender esta rivalidade. Mas ela sempre existiu e foi piorando com o tempo.

Os dois irmãos não se preocupavam com mais ninguém, apenas o seu próprio bem-estar interessava. Lutam um contra o outro, acusações várias são atiradas amiúde. Das quezílias regulares saldam-se pequenas vitórias, ou ganhos morais, nada de real e concreto. Isto acontece porque, no fim das contas sao, apenas, mais do mesmo. Farinha do mesmo saco, hipnotizada pelo cheiro do poder. Ambos perseguem o mesmo resultado - controlar alguém - mesmo que seja uma massa uniforme sem capacidade critica.

Para seu bem, assim é. E, por sua vontade, assim vai continuar a ser, por largos anos. Cedo aprenderam que o acto de pensar é perigoso. A Ideia é, para eles, uma arma de destruição em massa, que desfaz o seu castelo de cartas.

A luta é uma fachada cada vez mais evidente, uma vez que, as suas diferenças foram-se esbatendo com o tempo à medida que se embriagavam de poder. Os antigos ideais ruíram e o pó levo-o o vento. A luta mal disfarçada apenas serve para continuar o círculo vicioso que se tornou as suas vidas.

Episodicamente, mostram-se pequenas encenações para justificar certos actos, fingem-se reivindicações e cedências, o publico assiste maravilhado e aplaude os seus actores no palco.

O último espectáculo foi muito bom, diz quem viu que a sala estava repleta de gente. Saíram de barriga cheia mas não dão lugar a outros. As almas famintas continuam e esperar pela sua vez de entrar. Esperam que lhes alimente a alma de ilusão, para que possam continuar a acreditar.

Porque a arte é a representação do mundo, qualquer semelhança entre esta peça e a realidade é pura coincidência. Até porque eu prometi não falar mais de politica.

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