domingo, 31 de outubro de 2010

Uma peça chamada Realidade


Era uma vez dois irmãos que desde pequenos queriam as mesmas coisas. Filhos do mesmo pai e da mesma mãe, a diferença de idades era pouca. Educados da mesma forma, os pais não conseguiam compreender esta rivalidade. Mas ela sempre existiu e foi piorando com o tempo.

Os dois irmãos não se preocupavam com mais ninguém, apenas o seu próprio bem-estar interessava. Lutam um contra o outro, acusações várias são atiradas amiúde. Das quezílias regulares saldam-se pequenas vitórias, ou ganhos morais, nada de real e concreto. Isto acontece porque, no fim das contas sao, apenas, mais do mesmo. Farinha do mesmo saco, hipnotizada pelo cheiro do poder. Ambos perseguem o mesmo resultado - controlar alguém - mesmo que seja uma massa uniforme sem capacidade critica.

Para seu bem, assim é. E, por sua vontade, assim vai continuar a ser, por largos anos. Cedo aprenderam que o acto de pensar é perigoso. A Ideia é, para eles, uma arma de destruição em massa, que desfaz o seu castelo de cartas.

A luta é uma fachada cada vez mais evidente, uma vez que, as suas diferenças foram-se esbatendo com o tempo à medida que se embriagavam de poder. Os antigos ideais ruíram e o pó levo-o o vento. A luta mal disfarçada apenas serve para continuar o círculo vicioso que se tornou as suas vidas.

Episodicamente, mostram-se pequenas encenações para justificar certos actos, fingem-se reivindicações e cedências, o publico assiste maravilhado e aplaude os seus actores no palco.

O último espectáculo foi muito bom, diz quem viu que a sala estava repleta de gente. Saíram de barriga cheia mas não dão lugar a outros. As almas famintas continuam e esperar pela sua vez de entrar. Esperam que lhes alimente a alma de ilusão, para que possam continuar a acreditar.

Porque a arte é a representação do mundo, qualquer semelhança entre esta peça e a realidade é pura coincidência. Até porque eu prometi não falar mais de politica.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

E agora só lá pelo Natal


Pois é, o dolce fare niente está a acabar. O corpo maçado e as dores nas pernas mostraram-me, hoje, que as mini-férias estão a chegar ao fim. Foi um tempo bom em que me entreguei ao mais completo ócio e dei largas a uma preguiça aguda. Agora é aproveitar o fim-de-semana livre e voltar à rotina de sempre na segunda-feira. Depois, resta esperar pelo Natal a viver fins-de-semana nas sextas-feiras.

Tudo isto serve para, tristemente, constatar que não fiz nada do que tinha planeado para estes dias.

Mais uma prova inequívoca da falibilidade dos meus planos... [Humpf]

Mea culpa

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Instinto paternal [Porque o amor de um pai é muito lindo]


Há certos dias em que tenho consciência de que - ainda - não estou preparado para ser pai. Acordar às 7h30 com os berros de uma criança é algo demais para mim! E eu até quero ser pai... um dia... Mas os berros estridentes desta criança em particular, conseguem estragar-me o dia.
É que o moçoilo acorda cedo como o raio a gritar pela progenitora e, a santa alma da mãezinha, acha tudo muito natural. Ponto positivo: Começo o dia com uma aula de línguas. Teria de ter alguma vantagem ser vizinho de húngaros... O melting pot da big City tem destas coisas.

Mas, ou é inato ou é por estar de ferias, estes concertos irritam-me. Naturalmente, prefiro acordar com passarinhos a cantar à janela porque, se quisesse ouvir orquestra ia a São Roque!

Afinal, o meu desejo de paternidade ainda vai ficar reprimido mais uns anos. Haja quem espere e desespere. Eu, ainda não estou preparado!

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Reacção à recandidatura de Cavaco Silva

Após de ter confirmado a coragem e desprendimento [espero que se sinta toda a carga de ironia nestes dois adjectivos]de Cavaco Silva ao, abnegadamente [outra vez], se predispor a comandar esse navio mais roto que uma rede de pesca, a que chamamos Portugal, só tenho uma reacção. E tudo o que tenho a dizer sobre o passado recente, o presente e o futuro próximo do meu Portugal já foi dito por Sérgio Godinho. Agora, ele vai-me emprestar as suas palavras para colocar aqui

Cada um entenda o que quiser!

Tudo na mesma lá longe...


Pois é, faz pouco mais de um ano que eu abandonei a segurança do meu cantinho à beira-mar plantado, para me lançar naquilo que, espero, me leve ao ponto culminante da minha existência. A viagem às Américas é ponto mais do que assente.
Mas, não é isso que me inquieta. A imobilidade de um povo, que já foi, aventureiro aterroriza-me. E como membro da classe, ainda me aterroriza mais o desfile de banalidades que são os nossos serviços noticiosos. Ok. Eu sei que existem noticias que se tem de dar e que são importantes - sim, estou a falar da recandidatura de Cavaco - mas todo o circo montado em seu redor, ultrapassa-me. Quem em sã consciência já não sabia desta decisão? Pois é. Meio mundo já tinha conhecimento e, muito provavelmente voltará a ser eleito. Mais uma vez a imobilidade tolda a visão de certos espíritos para a mudança.
No entanto, justiça seja feita a Cavaco, teve a coragem e decência para ser recandidatar ao cargo mais importante de uma nação em farrapos, praticamente nua, a caminhar para a superficialidade e o vazio. Mas, como diz o ditado: "Quem lhe comeu a carne, que lhe roa agora os ossos".
E, seja como for, hoje aqui, amanhã ali,mas um dia volto... Nesse dia gostaria de contribuir activamente para que a morte de um polvo na Alemanha não ocupasse o pensamento dos portugueses e o espaço de telejornais como uma eleição para a Presidência da Republica.
Bem sei que já ninguém liga a politica em nenhuma parte do Mundo mas, a comunicação social não precisa de ajudar mais à festa.
Experimentem tentar fazer as pessoas pensar e agir. Sei que pode ser perigoso para muitos mas, há que lembrar que não existem lideres sem massa humana. Quanto melhor for o povo melhores serão os seus lideres.

Engraçado, lembrei-me agora mesmo que, os grandes lideres da humanidade são, ainda hoje, lembrados pelos seus gestos enérgicos em momentos decisivos e nao pelo dinheiro que conseguiram amealhar. Obrigado e boa noite.

sábado, 23 de outubro de 2010

Assim não sabe ao mesmo


Acabei de me ligar a uma conhecida rádio nacional [via Internet] e deparo-me com a emissão em "piloto automático". Eu sei que a playlist veio para ficar mas, como amante de musica e ouvinte diário de radio, permitam-me o desabafo: é triste!
Falta qualquer coisa. Como se a rádio fosse um corpo amputado. Compreendo que não deve ser muito agadável trabalhar fora de horas mas, o calor humano também faz uma emissão. E, a sensação de estar a partilhar alguns momentos com quem está do outro lado faz a diferença! A isso chama-se a magia da rádio!

PS:. Para quem de direito, fique aqui registado: Eu estou disponível para trabalhar sem horas. Assim me deixem ser feliz nas ondas do éter.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Português, porquê?


O cidadão português é um bicho estranho. Sempre com um pé fora do pais mas, extremamente agarrado às suas raízes. Por vezes a coisas pequeninas. Voluntarioso, pronto a mudar o mundo a ferro e fogo mas, irritantemente acomodado ao que tristemente ficou conhecido como "viver habitualmente". Somos, então, como um trapezista em equilíbrio no arame. Com um pé dentro e um pé fora. Os melhores ou os piores do Mundo. Um povo de 8 ou 80, sem meio-termo. A divagar entre a depressão e a exaltação.
Há tempos, ao reler um dos escritores lá de casa - Gonçalo Cadilhe - deparei-me com a nossa melhor descrição enquanto povo que vive entre a ânsia da fuga e a do regresso. Dizia Cadilhe [em 1Km de Cada vez] acerca de Portugal:
"O clima é instável, o mar gelado, a terra pobre, as cidades desfiguradas, a gente dura mas hospitaleira. O bacalhau cada vez mais caro, o vinho também. Mas é tudo o que tenho e que espera por mim. Às vezes sabe bem regressar. Outras, apetecia-me era ficar para sempre la fora - mas nem vale a pena tentar."


Estando também eu afastado de Portugal, acho que percebo estas palavras, pelo menos sinto-as. Concordo com a sua essência. Porque, para o bem e para o mal, felizmente sou português!

Mais uma tentativa...


N \ X [N Vezes] pareceu-me o nome mais indicado (e o único aceite pelo auxiliar após N tentativas) para mais uma vez me lançar na criação de um blog. Não sei se esta vez será definitivo e, nem estou muito interessado em saber.
Deste local só quero uma coisa: espaço para despejar toda a tralha que me enche a cabeça. Tudo aqui vai ser desorganizado. À minha imagem e semelhança. Vivo na mais caótica e deliciosa confusão, de pensamentos, línguas, pertences...
Tudo se mistura, baralha e volta a dar no emaranhado do meu ser. Coisa complicada que, muitas vezes [vezes demais] nem eu entendo!
Mas isso não me tira o sono, não me leva ao extremo da loucura, apenas me causa estranheza em dias que me sinto mais capaz de pensar.
Uma das coisas que vou guardar para sempre são as palavras que um professor dirigiu a toda a turma, muitos anos atrás - Todos podem escrever mas, nem todos podem ver para alem do visível. Escrever é, primeiro que tudo e acima de tudo, um exercício de observação. Na altura julgo não ter percebido o alcance dessas palavras mas atingiram-me com a força suficiente para passar a prestar mais atenção ao que se passa ao meu redor. Não o corriqueiro mas sim, as pequenas coisas.
Não me levo muito a serio mas, gosto de pensar as coisas, exprimir opinião [mesmo que ninguém leia ou se importe], anotar ideias para lembrar mais tarde. Este vai ser o meu bloco de notas, o meu post-it.
Vou usar as minhas palavras, roubar as dos outros, falar por imagens e sons, mostrar estados de espírito, discorrer filosofias de cordel mas, sobretudo, espantar o marasmo - escrever. O importante é escrever!

Portanto, quem se der ao trabalho de seguir o que aqui for escrito, não espere opiniões de grande elevação. Apenas desabafos de quem vê a realidade de um certo prisma. E, desde já peço desculpa por isso!