sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Português, porquê?


O cidadão português é um bicho estranho. Sempre com um pé fora do pais mas, extremamente agarrado às suas raízes. Por vezes a coisas pequeninas. Voluntarioso, pronto a mudar o mundo a ferro e fogo mas, irritantemente acomodado ao que tristemente ficou conhecido como "viver habitualmente". Somos, então, como um trapezista em equilíbrio no arame. Com um pé dentro e um pé fora. Os melhores ou os piores do Mundo. Um povo de 8 ou 80, sem meio-termo. A divagar entre a depressão e a exaltação.
Há tempos, ao reler um dos escritores lá de casa - Gonçalo Cadilhe - deparei-me com a nossa melhor descrição enquanto povo que vive entre a ânsia da fuga e a do regresso. Dizia Cadilhe [em 1Km de Cada vez] acerca de Portugal:
"O clima é instável, o mar gelado, a terra pobre, as cidades desfiguradas, a gente dura mas hospitaleira. O bacalhau cada vez mais caro, o vinho também. Mas é tudo o que tenho e que espera por mim. Às vezes sabe bem regressar. Outras, apetecia-me era ficar para sempre la fora - mas nem vale a pena tentar."


Estando também eu afastado de Portugal, acho que percebo estas palavras, pelo menos sinto-as. Concordo com a sua essência. Porque, para o bem e para o mal, felizmente sou português!

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